Na publicação anterior consegui mostrar que no cromossoma 22 que a minha mãe (Teresa) me passou tenho segmentos que vieram dos meus dois avós (Maria e Orlindo).
Consegui concluir isso comparando os segmentos partilhados com os tios maternos da minha mãe (tio Zé e tia Deolinda).
E terminei assim “Fica por saber de que ascendentes da minha avó foi transmitido o ADN destes segmentos.” Eu consigo seguir um dos segmentos mais umas gerações e é isso que vamos fazer nesta publicação.
Em 2021, apareceu-me um novo match na base de dados do MyHeritage chamado Patrick. A sua filha Justine contactou-me porque ele partilhava muito ADN comigo e com a minha família testada. Pusémo-nos os dois ao trabalho para descobrir o nosso antepassado comum mais recente. E o resultado foi este.
Nós somos todos descendentes de Manuel Matias e Isabel Marques que viveram na transição do séc. XVIII para o séc. XIX. Eu descendo da sua filha Vicência, e o Patrick e a Justine da sua filha Rosália. O Patrick e a minha mãe são primos em 4º grau, e eu e a Justine somos primos em 5º grau. Este mistério ficou resolvido.
Temos agora uma camada extra de interesse. O Patrick partilha ADN comigo, a minha mãe e os meus tios Zé e Deolinda no cromossoma 22.
Eu não recebi o segmento todo que o meu tio Zé, ou minha mãe receberam, porque, como expliquei na publicação anterior, a minha mãe passou-me um cromossoma 22 que é uma mistura do par que ela tem, e o troço que não partilho com o Patrick recebi-o do meu avô Orlindo.
Agora com esta ligação posso dizer mais sobre a origem deste troço de ADN que os meus tios e a minha mãe têm no cromossoma 22 (e do qual eu recebi um segmento mais pequeno). Dado que o Patrick também o tem, podemos concluir que terá vindo de um dos nossos ascendentes em comum, Manuel Matias ou Isabel Marques. Um deles terá passado o segmento no cromossoma 22 às irmãs Vicência e Rosália. Estas tê-lo-ão passado aos seus filhos Joaquim Martins e Joaquim Augusto. E assim por diante até às pessoas testadas. Quer dizer que sabemos que todas estas pessoas a vermelho partilham este ADN.
Um dos dois ascendentes em comum, Manuel Matias ou Isabel Marques, também o terá, mas com esta ligação não temos maneira de dizer de qual deles vem esse ADN. E a Justine também poderá ter a totalidade ou parte deste ADN, mas não sabemos porque ela não fez o teste.
Este método que usámos para determinar a origem de um segmento de ADN chama-se triangulação. Usámos os resultados de três (ou mais pessoas), neste caso, por exemplo, eu o tio Zé e o Patrick para “triangular” a origem do segmento de ADN partilhado. Esta triangulação em particular pode ser feita com mais uma pessoa. Há outra pessoa, de seu nome José, que partilha o mesmo troço de ADN no cromossoma 22. Depois de investigação genealógica descobrimos que o José descende de uma filha, Antónia Marques, da Rosália.
Este resultado de comparação com o José vem confirmar a origem do troço de ADN que todos partilhamos no cromossoma 22 e mostrar que houve mais gente que partilhou este troço. Pelo menos todos as pessoas que ligam o José à Antónia Marques tiveram este ADN no seu cromossoma 22. Sabemos então que pelo menos 19 pessoas (que estão no esquema acima) têm ou tiveram este segmento de ADN .
Há ainda uma vigésima pessoa que sei que também tem este troço. Na base de dados do MyHeritage, para além do Patrick e do José existe um Pascal que também partilha o mesmo segmento. Não tenho informação para conseguir fazer a sua genealogia. Mas uma coisa é certa, o Pascal terá com certeza alguma relação com as irmãs Vicência e Rosália.
Conclusão
Triangulando os resultados da minha família mais próxima (meu, da minha mãe e dos tios Zé e Deolinda) com os resultados do Patrick e do José consigo corroborar os resultados genealógicos com a genética. Para além disso consigo afirmar que o troço de ADN que tenho no cromossoma 22 de que tenho estado a falar
recebi-o da minha mãe, que o recebeu da sua mãe (avó Maria), que o recebeu do seu pai (José Martins), que o recebeu do seu pai (Joaquim Martins), que o recebeu da sua mãe (Vicência Marques), que o recebeu de um dos seus pais (Manuel Matias ou Isabel Marques). Consigo seguir a sua proveniência por cinco gerações. Fica por saber de que ascendentes da Vicência Marques foi transmitido o ADN destes segmentos.
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