Uma árvore típica de uma aldeia do interior

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Os meus pais são de uma pequena aldeia do concelho da Guarda chamada Albardo. Nestas pequenas aldeias do interior as pessoas conheciam-se e casavam com pessoas da vizinhança de onde nasceram. A minha árvore genalógica espelha essa dinâmica.

Apresento a minha árvore de ascendentes em leque. Neste tipo de árvores a pessoa inicial (neste caso eu) encontra-se ao centro, e os ascendentes vão sendo apresentados por camadas do centro para a periferia. A primeira camada a partir do centro representa os meus pais, a segunda, os meus avós, a seguinte, os meus bisavós, e assim por diante.

A minha árvore em leque com os meus ascendentes coloridos de acordo com a distância ao Albardo

Nesta árvore em leque colori os meus ascendentes pela distância do seu local de nascimento ao Albardo. O vermelho representa um nascimento a menos de 2km do Albardo (incluindo o Albardo). O laranja mais escuro representa a menos de 4km (e mais de 2km). E assim por diante (ver legenda). De seguida apresento um mapa com as povoações onde nasceram com um código de cores semelhante.

Terras onde nasceram ascendentes meus com um código de cores semelhante ao da árvore em leque

Nesta árvore em leque estão representadas nove gerações de ascendentes. Na série sobre a linha patrilinear (ver aqui) mostrei que nos últimos 400 anos os meus ascendentes desta linha em locais que estão todos a menos de 9km uns dos outros (ver aqui). Como se pode ver agora na árvore como um todo, a linha patrilinear não é uma excepção. São poucos os meus ascendentes que nasceram a mais de 20km do Albardo (a azul escuro na árvore). A maior parte destes “forasteiros” 🙂 são de concelhos vizinhos: Almeida, Pinhel e Trancoso. Neste período há apenas dois casos de distâncias de mais de 50km: uma ascendente do concelho de Baião, Porto, e outra de Alconchel, da província de Badajoz, Espanha.
É uma árvore típica de uma pessoa de uma aldeia do interior, onde se pode ver que o mais normal seria as pessoas viverem e casarem com pessoas de aldeias próximas de onde nasceram.

Outra característica típica de uma árvore destas, e que não se vê no esquema em leque que apresentei, é que há pessoas que se repetem, ou seja, aparecem mais que uma vez em diferentes ramos da árvore.

Tabela com o número de pessoas potenciais numa árvore genealógica, comparado com o número real de pessoas distintas na minha árvore.

Até aos meus tetravós nenhuma pessoa se repete. Tenho 32 tetravós distintos. A partir daí começam a aparecer os mesmos ascendentes em vários pontos da árvore. Quando chego à última camada da árvore em leque (octavós) já só tenho 352 ascendentes distintos de 512 possíveis.

Recuando apenas mais duas gerações já terei mais de mil ascendentes naquela região. Chegando a estes números é difícil não encontrar ascendentes em comum com qualquer pessoa com ascendentes naquela região. Seremos todos primos e será só uma questão de recuarmos o suficiente para descobrir a ligação. O exemplo que dei da minha ligação com o satélite português (ver aqui) parte desta premissa. Como Fernando Carvalho Rodrigues tem ascendência em Casal de Cinza (terra daquela região) era natural para mim vir a encontrar um ascendente comum com ele (o que só não foi atingido pelo desaparecimento de livros paroquiais). No futuro mostrarei outros exemplos.

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